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#elenãotebate: Moça, esse relacionamento é abusivo!

O relacionamento abusivo existe e vem camuflado nas relações afetivas, por isso é importante sabermos como identificar

Relacionamento abusivo nem sempre está ligado diretamente às agressões físicas. Mais comum do que imaginamos, os abusos têm várias caras, formas, tamanhos e sutilezas. Nem todo o abuso acontece no mesmo grau ou da mesma forma, contudo, existem alguns conjuntos de comportamento que geralmente constituem o abuso emocional e, quanto mais nós, mulheres, compartilharmos nossos relatos, mais relacionamentos abusivos podem ser identificados.

Campanha criada pelo site Mete a Colher alerta sobre como identificar um relacionamento abusivo. (Arte: Divulgação)


Pensando nisso, a plataforma Mete a Colher – um site incrível sobre empoderamento feminino – cria a hashtag ‪#‎elenãotebate‬. A hashtag é baseada em tweets reais e serve pra alertar as mulheres do abuso que existe camuflado nas relações afetivas, e que muitas vezes insistimos em não enxergar.


A advogada Ana Carolina Magalhães Fortes, afirma que a hashtag alerta para o fato de que as violências podem ocorrer de formas diversas e não apenas através de uma agressão física. “Não acredito que possamos valorar o potencial destrutivo de qualquer agressão ou fazer comparações entre elas, mas conheço muitas vítimas do abuso psicológico praticado por seus parceiros, que se mostram fragilizadas, e, muitas vezes, sequer percebem por que chegaram àquele ponto. Precisamos desmitificar a figura de que homem violento é só aquele que bate e deixa marcas físicas. Existem outras sequelas graves que não podem ser percebidas nas mulheres e estas são especialmente preocupantes, porque podem não ser identificadas pelas pessoas próximas”, conta.


O abuso emocional tem muitas definições, mas é mais bem caracterizado por padrões típicos de comportamento e dinâmica de relacionamento. O abuso emocional tende a girar em torno de um desequilíbrio de poder, onde pelo menos uma pessoa no relacionamento tenta exercer controle psicológico e às vezes físico sobre o outro.


‪#‎EleNãoTeBate‬, mas te faz mil ofensas e diz coisas constrangedoras até tirar a saia e colocar uma calça. #EleNãoTeBate, mas fica sem conversar com você por uma semana até que você garanta que parou de falar com aquele rapaz da faculdade. #EleNãoTeBate, mas diz que vai acabar “procurando na rua” quando você não quer transar. #EleNãoTeBate, mas te faz se sentir mal por fazer coisas que antes te deixavam feliz. #EleNãoTeBate, mas regula suas amizades e fala mal de todas as suas amigas, até que você se afaste delas. #EleNãoTeBate, mas você não pode ir pra lugar nenhum sem a aprovação ou a presença dele. #EleNãoTeBate, mas te afasta da sua família porque sua família agora é ele. #EleNãoTeBate, mas te chama de maluca e que você tá imaginando coisas quando encontra algum indício de que ele esteja mentindo ou te traindo. #EleNãoTeBate, mas te faz se sentir culpada por trabalhar fora/estudar ao invés de ficar somente em casa cuidando dos filhos e dele. #EleNãoTeBate, mas faz chantagem psicológica e diz que você não o ama de verdade se não der as senhas de todas suas redes sociais e emails pra ele. #EleNãoTeBate, mas te diminui e diz que se um dia largar dele, ninguém mais vai te querer, pq só ele te suporta. #EleNãoTeBate, mas repete o tempo inteiro que você é burra e que não duraria muito tempo sem ele.


Dentre vários outros, esses são alguns exemplos das hastags que estão sendo publicadas no Facebook. Você mulher, pode (e deve!) contribuir para que possamos juntas, abrir os olhos de outras mulheres em relação a seu relacionamento.


“Talvez nem possamos dizer agora qual a importância destas campanhas, pois elas acabam educando mulheres que vão se transformando ao descobrirem que possuem direitos e que precisam ser respeitados. Campanhas como essa também fazem com que a vítima se sinta amparada e perceba que não é a única a passar por situações de violência. Quem é vítima não precisa se preocupar em convencer o outro de que está sofrendo, e, sim, precisa de cuidado. Estas palavras acolhem um número de meninas que nem podemos contar e pode até estimulá-las a contar suas experiências também, alimentando essa corrente de solidariedade”, afirma a advogada.


Pois bem: listamos aqui alguns sinais de abusos emocionais, dividindo entre sinais mais agressivos e sinais mais passivos:


Sinais mais agressivos de abuso emocional


Xingamentos: Ele pode lhe xingar durante uma discussão numa tentativa de lhe repreender, ou no dia a dia ser infantil e desrespeitoso. Não. Você não é estúpida, inútil, feia, ou qualquer outro nome degradante.

Menosprezo e condescendência: Você está sempre abaixo dele. Ele precisa fazer com que você e as suas realizações pareçam inúteis e insignificantes. E ele pode causar constrangimento na frente das pessoas que a respeitam e se importam com você.

Condenação e crítica: Você não consegue fazer nada direito. Você está sempre errada, não importa em que seja. Você é uma pessoa ruim, uma mãe ruim, uma mau amiga ou, pelo menos, você não é tão boa ou tão hábil como ele é.

Controle e possessividade: Ele tenta controlar seu dia, sua localização, sua aparência ou prioridades. Você não pode ir a lugar nenhum sem ele, sem sua permissão, ou sem informá-lo primeiro. Se você fizer isso, haverá uma longa palestra ou intensa briga depois.

Acusações e paranoia: Acusações de infidelidade são os mais típicos. Mas as acusações podem ser tão estranhas como traindo com um amigo, um membro da família ou por dinheiro.

Ameaças: Ele poderia ameaçar com a violência, humilhação ou abandono, o que silencia quaisquer objeções ao tratamento torturante.

Manipulação e corrupção: Ele vai querer manter uma agenda que só beneficia ou agrada a ele. Ou que seja prejudicial ou ofensivo a você. Ele, muitas vezes, convence-a a cumprir os compromissos, ou tenta fazê-la crer que a ideia partiu de você, quando na verdade não foi assim.

Corrupção e extorsão: Ele vai usar um segredo como objeto de abuso, como um meio para manter e aumentar o controle.


Isolamento: Ele impede o seu contato com amigos, familiares, colegas de trabalho, e outros que se preocupam com sua saúde e bem-estar, e geralmente com qualquer outra pessoa no mundo. Isso ajuda a manter seu controle. Para ele, a única pessoa que você precisa é ele.

Exposição e voyeurismo: Ele fala ostensivamente sobre os abusos, de maneira livre e independente, e até mesmo sobre suas conquistas, em frente a você e outros. Ele pode vê-la sofrer por seu controle e humilhação, e convidar outras pessoas para juntar-se a ele.


Sinais mais passivos de abuso emocional

Culpa e vergonha: Ele tenta fazer você se sentir mal por algo que está fora de seu controle. Quando as coisas saem erradas, e elas sempre saem, a culpa é sua. E mesmo se você tentar o seu melhor para manter as coisas organizadas, ou consertá-las, o seu esforço ainda não é suficiente.


Culpa: O problema é sempre você, ele não faz nada errado. Você merece o jeito como ele, e outros, tratam você. Novamente, você é responsável pelo que os outros fazem.

Comparação e desaprovação: Você não é bom o suficiente do jeito que é. Você precisa mudar. Ou você precisa ser mais parecido com alguém. E mesmo assim, provavelmente ainda não será bom o suficiente.

Correção: Os erros são proibidos. Ele faz as regras e decide quando e como quebrá-las. Justificada ou não, ele vai encontrar algo que você fez de errado e fará você saber disso.

Fofoca: Ele fala negativamente ou com pena de você pelas suas costas. Especialmente para as outras pessoas que a respeitam para degradar a opinião destas sobre você, ou para pessoas que já o veem negativamente, acrescentando lenha à fogueira.

Ignorar: Ele usa o tratamento do silêncio. Geralmente administrado como punição por fazer, dizer, ou até mesmo pensar em ser algo que ele desaprova.

Rejeição e negligência: Ele deliberadamente retém amor, carinho, apoio, intimidade, tempo de qualidade ou qualquer necessidade do relacionamento.

Exclusão e imposição: Ele é uma constante intromissão em sua vida, e até mesmo na vida dos outros ao seu redor. Ele quer ter o acesso completo. Ele sempre precisa de você para estar perto dele, em contato com ele, ou prontamente disponível para ele. Ele diz o que você deve e não deve fazer. Ele pergunta a seus amigos, familiares, colegas de trabalho ou até mesmo empregadores sobre cada detalhe de sua vida.


Se você acha que está em um relacionamento emocionalmente abusivo, procure ajuda profissional ou, pelo menos, converse com alguém que você confie. Mana, não pense que você está sozinha: Nossa luta acontece todo dia e juntas, podemos mais, sem medo, sem Temer.


“A mulher deve procurar alguém que confia para conversar sobre a agressão que sofreu. Como já é naturalizada em nossa sociedade a associação do homem a um ser autoritário, insensível, muitas vezes elas escutam “homem é assim mesmo, não se importe, todos são iguais”. Na verdade, não devemos tolerar qualquer forma de desrespeito: existem centros de apoio à mulher vítima de violência que podem ser acessados gratuitamente por estas vítimas. Importante saber que a Lei Maria da Penha também abrange atos de violência moral/psicológica, como ameaças e agressões verbais”, recomenda Ana Carolina.




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